Na quinta feira, ao chegar no Centro Social Carisma, local onde faço um trabalho com meninos e meninas carentes recebo um presente especial. É um singelo pano de prato, embrulhado carinhosamente em um papel de presente. Um bilhete manuscrito está colado com um durex no pequeno pacote. Leio o bilhete emocionada e pergunto: - Quem é essa mãe? Nossa gestora procura entre tantos alunos e logo localiza a jovem adolescente. Na verdade, essa mãezinha tão especial não mandou o presente exclusivamente para mim, mas para todos da equipe. Se deu ao trabalho de fazer uns dez pacotinhos com o mesmo formato e bilhete. A atitude dessa mãe me marcou, porque isso reflete diretamente no comportamento da filha. Quem é essa garota? Essa menina chamou a minha atenção desde o primeiro dia de aula. Ela é educada, participativa e inteligente. Durante as oficinas de jogos analiso vários tipos de alunos: os que desistem facilmente e ficam murmurando (esse é o grupo maior), os que nem sequer se dão o trabalho de entender alguma coisa e o grupo dessa garota, uma pequena minoria, que entende o objetivo proposto e que compartilha com o grupo soluções e na maioria das vezes acaba contagiando a muitos. Eu amo pessoas assim. Um dia desses, olhei para ela e disse: - Garota, você tem potencial. Parabéns! Gostaria que o grupo inteiro fosse como ela, que valoriza o nosso trabalho e que participa das atividades propostas, mas infelizmente apenas uma pequena parcela que é assim. De onde vem esse caráter? Vem de dentro daquele pequeno pacote: atitude grata de uma mãe que reconhece o nosso papel de educador , que é parceira, que não murmura, mas simplesmente educa.