segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O menino e o pirulito

As crianças sempre tem o que nos ensinar.
Era apenas um aniversário de crianças como outro. Decoração, bexigas, lanches, refrigerantes e crianças de todos os tamanhos e formas. Logo após o parabéns, uma multidão de meninos e meninas gritavam em uníssono para estourar o bexigão. Como uma manada de elefantes frenéticas tentavam alcançar o que seria o ponto alto da festa: o bexigão cheio de doces. Fiquei observando a cena meio a distância. Um menino de uns 2 ou 3 anos, no máximo, queria fazer parte daquele ritual, mas se mantinha a uma distância segura, que era mais ou menos próximo a mim. Eu cheguei perto dele e o  incentivei: - Vai lá, corre! Vai pegar um docinho. Aquele ser tão pequenino encostou-se pertinho de mim. Senti o seu coraçãozinho em disparada e disse: - Tem farinha! Tô com medo! Ah... mas é legal, vai assim mesmo! Ele andou alguns passinhos tímidos, mas voltou. Fiquei morrendo de dó. Porque ele era muito pequenino e próximo ao balão tinha crianças imensas, com certeza iria ser massacrado. Ele sabia disso e teve medo.  Não me contive. Fui até lá, e pedi a uma das anfitriãs um dos  pirulitos, que ela  estava jogando ao ar enquanto o balão ainda não tinha sido estourado.  Cheguei perto do garotinho e estendi o pirulito. Fiquei observando a sua expressão. Ele pegou o pirulito, me agradeceu. Abriu o pirulito e chupou. E só. Não esboçou sorriso, alegria, ou sei lá o que.
Fiquei feliz, pelo menos o garotinho não ficaria com vontade de chupar o pirulito. Mas eu descobri que não era o pirulito que ele queria, mas vencer o seu medo.
E quando aquele bexigão foi estourado. Não tinha farinha, mas confetes, serpentinas e é claro, os pirulitos. Ele largou tudo e foi em meio àquela muvuca de crianças. Dali a pouco o vejo saindo triunfante. Em sua pequena mão  trazia um pirulito. Sua feição agora era outra. Trazia um grande sorriso nos lábios e aquele pirulito foi a sua vitória. Ele pulava de alegria. Ele conseguiu.
É uma cena tão simples, mas que deixa a nós uma rica lição e daí podem surgir outras lições:

Muitas vezes queremos proteger demais as nossas crianças dando tudo a elas e  talvez a vida se torne insossa. Talvez ela esboce um sorriso, agradeça e só. A criança precisa muito mais que isso... precisa de desafios, precisa aprender a vencer os medos, precisa descobrir a vida  e acima de tudo: Pagar o preço. E esse pagar o preço é que faz a diferença no sistema educacional, na ética e na sociedade. Quem tem ouvidos, ouça!

Obs,: Entrei no google para achar uma imagem para por junto com a postagem e achei a imagem desse menino. Eles são muito parecidos, na compleição, na expressão. Até parecia o meu menino. 

2 comentários: