As crianças sempre tem o que nos ensinar.
Era apenas um aniversário de crianças como outro. Decoração,
bexigas, lanches, refrigerantes e crianças de todos os tamanhos e formas. Logo
após o parabéns, uma multidão de meninos e meninas gritavam em uníssono para
estourar o bexigão. Como uma manada de elefantes frenéticas tentavam alcançar o
que seria o ponto alto da festa: o bexigão cheio de doces. Fiquei observando a
cena meio a distância. Um menino de uns 2 ou 3 anos, no máximo, queria fazer
parte daquele ritual, mas se mantinha a uma distância segura, que era mais ou
menos próximo a mim. Eu cheguei perto dele e o incentivei: - Vai lá, corre! Vai pegar um
docinho. Aquele ser tão pequenino encostou-se pertinho de mim. Senti o seu
coraçãozinho em disparada e disse: - Tem farinha! Tô com medo! Ah... mas é
legal, vai assim mesmo! Ele andou alguns passinhos tímidos, mas voltou. Fiquei
morrendo de dó. Porque ele era muito pequenino e próximo ao balão tinha crianças
imensas, com certeza iria ser massacrado. Ele sabia disso e teve medo. Não me contive. Fui até lá, e pedi
a uma das anfitriãs um dos pirulitos,
que ela estava jogando ao ar enquanto o
balão ainda não tinha sido estourado. Cheguei perto do garotinho e estendi o
pirulito. Fiquei observando a sua expressão. Ele pegou o pirulito, me
agradeceu. Abriu o pirulito e chupou. E só. Não esboçou sorriso, alegria, ou
sei lá o que.
Fiquei feliz, pelo menos o garotinho não ficaria com vontade
de chupar o pirulito. Mas eu descobri que não era o pirulito que ele queria,
mas vencer o seu medo.
E quando aquele bexigão foi estourado. Não tinha farinha,
mas confetes, serpentinas e é claro, os pirulitos. Ele largou tudo e foi em
meio àquela muvuca de crianças. Dali a pouco o vejo saindo triunfante. Em sua
pequena mão trazia um pirulito. Sua
feição agora era outra. Trazia um grande sorriso nos lábios e aquele pirulito
foi a sua vitória. Ele pulava de alegria. Ele conseguiu.
É uma cena tão simples, mas que deixa a nós uma rica lição e
daí podem surgir outras lições:
Muitas
vezes queremos proteger demais as nossas crianças dando tudo a elas e talvez a vida se torne insossa. Talvez ela
esboce um sorriso, agradeça e só. A criança precisa muito mais que isso...
precisa de desafios, precisa aprender a vencer os medos, precisa descobrir a
vida e acima de tudo: Pagar o preço. E
esse pagar o preço é que faz a diferença no sistema educacional, na ética e na
sociedade. Quem tem ouvidos, ouça!
Obs,: Entrei no google para achar uma imagem para por junto com a postagem e achei a imagem desse menino. Eles são muito parecidos, na compleição, na expressão. Até parecia o meu menino.
Lindo texto, querida Lina!
ResponderExcluirObrigada Sandra por estar sempre presente :)
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