terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A madrugada de Pedro

Um barco indeciso balança sobre as ondas revoltas.
Um barco com especialistas do mar,  inseguros, temerosos.
Falta alguém na pequena tripulação vacilante –
Não é esperada a chegada do marinheiro experiente, nem do velho lobo do mar
Mas aguarda-se o mestre, bom de carpintaria, bom de restaurar vidas quebradas.
Sim... Falta o mestre.
Será que ele não vem?
É madrugada. Já se passaram tantas horas, que demora!
E o vento sopra forte sobre as águas, balançando o barco,
Desestruturando homens, gerando  desconforto,  medo,  insegurança  a escuridão.
E o vento continua a soprar forte trazendo o medo da morte e a ausência de vida.
Pedro  parece avistar alguém.
Os homens olham e vêem em meio a escuridão solitária do mar revolto,  um vulto.
Seria o espectro  da morte que caminha para os levarem?
Gritos desesperados,  choros e medo do fim.
Uma voz conhecida é ouvida, talvez trazida pelo mesmo vento que os assustou.
É a voz do mestre, que caminha pelas águas e diz a todos: - Não temam!
Pedro, sempre Pedro, pede para também andar sobre o mar.
E o mestre diz: Vem Pedro. Não tenha medo de ousar
Não tenha medo de sonhar.
Não tenha medo da vida.
Mesmo que os ventos soprem o contrário
Mesmo que as circunstâncias pareçam adversas
Eu  vim te ajudar.
Venho Pedro. Caminhe sobre as águas.
Não tenha medo de tentar algo novo.

Pedro obedece, pisa firme sobre o mar e caminha.
Percebe que está conseguindo.
Sorri da sua conquista, mas no meio do mar havia um vento,
Que assopra impiedoso, derruba a fé de Pedro, que balança, vacila e afunda
Em meio as águas geladas, o especialista do mar só consegue dizer três palavras:
- Jesus! Salva-me!
O ágil mestre o resgata dizendo:
-  Não precisa ter medo, homem. Você estava conseguindo sozinho, mas tudo bem. Vamos juntos agora!
E os dois caminham juntos pelas águas até o barco.
O vento cessa e o mestre se acomoda no meio dos homens que não se cansam de perguntar e ali uma conversa gostosa é iniciada. A escuridão se esvai juntamente com o medo e a insegurança. No barco repousa o Senhor da vida. A luz desponta no horizonte, dissipando todos temores. Agora é dia e o  barco chega ao seu destino.

Com base em Mateus 14: 24-33



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